Gramado horroroso. Público deprimente. Atuação irregular. Vitória sofrida. Estão aí quatro ingredientes que, juntos e misturados, deram o sabor da noite de sábado para o botafoguense que compareceu ao estádio Engenhão e assistiu, finalmente, a primeira vitória da equipe sob a batuta de seu camisa dez, Clarence Seedorf. Se o sabor foi doce ou amargo, cabe a cada um responder. Mas o fato é que o resultado foi muito bem-vindo e deve tranqüilizar o ambiente na busca por novas vitórias numa temporada onde a expectativa é de, no mínimo, a conquista de uma vaga na próxima Copa Libertadores da América.
Oswaldo de Oliveira pareceu bem-intencionado ao escalar a equipe com um meio-campo leve, composto por Renato, Fellype Gabriel, Andrezinho e Seedorf. O rendimento do time como um todo, embora decepcionante, não deve servir de justificativa para abandonar tal formação. Acontece que, com uma defesa um tanto irregular, a figura de um volante especificamente de contenção parece elemento obrigatório na meiuca alvinegra, que tem Marcelo Mattos e Lucas Zen lesionados e conta somente com Jádson à disposição como especialista na posição.
De positivo, a ótima atuação do zagueiro Brinner, que não apenas substituiu o suspenso Antônio Carlos sem decepcionar como ainda foi determinante para a manutenção do zero no placar, garantindo os três pontos. De toda forma, é difícil ficar tranqüilo quando se vê Fábio Ferreira cometendo erros graves (no plural mesmo) e a torcida vaiando com o jogo em andamento - deveríamos deixar os erros de dentro de campo não contagiarem as arquibancadas, por mais vazias que elas estejam. Mais sobre o jogo pode ser visto em "
Botafogo Vence Figueirense, Mas Atuação Não Convence".
Atuações
Jéfferson - Defesas importantes ao longo do jogo e uma reposição de bola inteligente, procurando o jogador livre pelos flancos do campo. Sua última intervenção foi salvadora, bloqueando remate quando só havia ele e o atacante adversário, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.
Nota 10.
Lucas - Irregular, algumas vezes abandonava o setor direito da defesa e aparecia no lado esquerdo, restando saber se era para fazer alguma espécie de cobertura ou se era apenas falta de noção de posicionamento mesmo. No apoio, quase nada acrescentou.
Nota 3.
Brinner - Fundamental para a vitória, teve pelo menos duas intervenções providenciais, sendo a última delas com uma importância de gol, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo. Embora nem sempre levasse vantagem na marcação, cumpriu bem o seu papel, sobretudo pelo fiasco da atuação de seu companheiro de zaga.
Nota 9.
Fábio Ferreira - Mandou para a estratosfera a paciência dos torcedores presentes, cometendo dois erros bisonhos ainda no primeiro tempo.
Nota 2.
Márcio Azevedo - Apareceu menos vezes que o habitual para prestar apoio ao ataque, mostrando qualidade na maioria das vezes em que se apresentou no campo ofensivo. Na defesa, ficou mais correndo atrás dos adversários do que conduzindo a bola.
Nota 5.
Fellype Gabriel - Teve disposição o bastante para auxiliar na marcação e no apoio, com um desempenho tático admirável. Mas pode jogar com mais qualidade do que isso, mesmo estando um tanto deslocado de sua posição original.
Nota 6,5.
Renato - Apesar de dar bastante qualidade à saída de bola, com visão de jogo e passes apurados, sua função no jogo exige maiores cuidados na proteção à defesa, como por exemplo não segurar demais a bola nas proximidades da intermediária defensiva.
Nota 6.
Andrezinho - Participativo, ajudou na fluidez ao ataque através de deslocamentos sem a bola e algumas tabelas de qualidade quando com ela dominada. Mostra-se como a melhor opção para jogar ao lado de Seedorf no meio-campo, tendo sido premiado com o gol da vitória.
Nota 8,5.
Clarence Seedorf - Boa atuação, circulando pelo gramado conforme o andamento do jogo pedia - em alguns momentos, atuou mais recuado para organizar a saída de jogo; em outros, ficou mais adiantado e aumentou o poder de penetração da equipe nas jogadas de ataque. Parece ter um dom descomunal em entrar no ritmo de jogo, nem parecendo que este seja somente o 3º jogo oficial pós-férias.
Nota 8.
Elkeson - Buscou abrir espaço na defesa adversária, colocou bola na trave, trocou alguns passes. Mas, mais uma vez, não conseguiu manter uma regularidade ao longo da partida.
Nota 7.
Rafael Marques - Sua atuação pode não ter sido nem perto da ideal, mas foi muito acima do que o tom da cobrança proveniente das arquibancadas. É necessário paciência, caro torcedor. Gritar "
El Loco" não deverá ajudar alguém que ainda está em fase de adaptação.
Nota 4.
Vítor Júnior - Entrou no intervalo no lugar de Rafael Marques e melhorou a dinâmica ofensiva. Expulso aos trinta e três minutos pelo segundo cartão amarelo, quase complicou a vitória da equipe.
Nota 2,5.
Jádson - Colocado em campo aos trinta e seis minutos do segundo tempo no lugar de Fellype Gabriel, entrou para proteger a defesa mas o fato é que o Figueirense criou diversas possibilidades de gol nos minutos finais.
Sem nota.
Rodrigo Dantas - Entrou no finalzinho no lugar de Seedorf, aparecendo no jogo basicamente para que o torcedor lembrasse de um certo camisa treze uruguaio (visual parecido). Deu um chute forte em contra-ataque, mas sem direção.
Sem nota.
Oswaldo de Oliveira - Uma proposta interessante a de escalar um meio-campo com bastante mobilidade, mas os sustos dados pela defesa mostraram que falta consistência nessa formação. Acertou nas substituições, e se elas não funcionaram melhor foi muito mais por questões técnicas do que táticas.
Nota 5,5.
Vou aproveitar e também fazer uma análise pela atuação da torcida - uma torcida que cobra bastante do time mas que compareceu com cerca de 5.000 presentes na noite de sábado. Acho que o botafoguense que se desloca ao Engenhão deveria ver-se no evento como figura relevante para incentivar o time, evitando vaias antes do apito final, mesmo que a ocasião faça um convite ao contrário. Se fosse para dar uma nota pelo conjunto da torcida, hoje seria 1.
Galeria de imagens (capturadas a partir do Setor Norte)
P.S.: os leitores mais atentos perceberão que o título desse tópico tem relação com o do jogo em que
perdemos para o Grêmio por 1a0, na estréia de Clarence Seedorf.